terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

ARTUROS FILHOS DE ZAMBI

Este é o grupo mais recente da Comunidade, criado a partir do desejo dos adolescentes e jovens formarem um grupo de dança e percussão, voltado para apresentações artísticas. Nesse grupo, os jovens aprendem, experimentam e recriam outras práticas musicais e coreográficas afro-brasileiras. Seus projetos proporcionam aos jovens a elaboração e expressão de sua identidade juvenil urbana atual e, ao mesmo tempo, contribuem para mantê-los unidos dentro dos valores da família, da transmissão e do reforço dos saberes tradicionais comunitários.


FOLIA DE REIS

A Folia de Reis é um auto popular que procura rememorar a jornada dos Reis Magos - Gaspar, Melchior e Baltazar- a partir do momento em que recebem o aviso do nascimento de Cristo, até a hora em que encontram o menino Jesus na lapinha. Nos Arturos, os palhaços constituem o elemento sagrado da festa. O mito, que conta a história do rei negro resgatado por Jesus, foi a origem da Folia que Arthur Camilo Silvério ensinou a seus filhos. A resistência étnica que norteou os antepassados da Comunidade dos Arturos se refaz e se fortalece numa festa que celebra a comunhão da família celeste e da família humana.

JOÃO DO MATO

A Festa do João do Mato é um ritual de capina que consiste na caracterização do vegetal destruidor – o capim – como uma força viva e móvel. É símbolo antropomórfico da vegetação, representando a força maligna da erva daninha que nasce sem ser semeada e deve ser combatida. A Festa apresenta um caráter de celebração anual: volta a semeadura, regressa  o mato, retorna a capina, o que confere à festividade a marca do rito de renovação.

BATUQUE

O Batuque é uma dança coletiva, em forma de roda, que se desenvolve ao som de cantos específicos. Tem origem africana e se conserva ainda em algumas áreas do país. A dança que hoje se encontra na Comunidade dos Arturos se caracteriza como um divertimento e, por meio das brincadeiras, os participantes reverenciam os elementos da natureza e as relações afetivas.
No Batuque, os pés dos participantes conhecem o chão e aí permanecem. A energia flui pelos poros, o corpo se lança a partir dos pés e deixa no solo a força de sua vitalidade.

O CANDOMBE

Seguindo o mito, o Candombe é o primeiro na hierarquia do Reinado. Na Comunidade dos Arturos, trata-se de um ritual interno conduzido pelos principais capitães que, ao tocarem os três tambores – Santana, Santaninha e Jeremias – evocam e homenageiam Nossa Senhora do Rosário e seus antepassados, estabelecendo um elo entre os vivos e os mortos.


FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

Para os Arturos a Festa do Rosário é uma das fases mais importantes para a vida da Comunidade, representando o movimento máximo do amor à Grande Mãe.Há dois grupos distintos: a Guarda de Congo e a Guarda de Moçambique. Pela fundamentação mítica, as guardas se formaram na África, quando uma imagem de Nossa Senhora do Rosário apareceu no mar e, com o toque dos instrumentos do Congo e dos tambores – candombes – e cantos de Moçambique, a imagem se encaminhou até a praia, tornando-se a protetora dos negros.


A caracterização das guardas se prende à estrutura do mito: os moçambiqueiros usam as cores de Nossa Senhora – o azul e o branco – e os congos se vestem de rosa e flores coloridas, representando o caminho de galhos e flores para a Senhora passar. Indo à frente, o Congo anuncia a chegada dos filhos do Rosário com seus ritmos rápidos e movimentos ágeis, preparando a passagem para o Moçambique conduzir reis e rainhas, representantes de Nossa Senhora do Rosário e demais santos de devoção.






FESTA DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA

Essa é a festa em que os negros comemoram a Lei Áurea e rememoram a escravidão, homenageando a resistência e a luta de seus antepassados. É de introdução mais recente na história da religiosidade popular. Além do desfile das guardas pelas ruas da cidade, a festa apresenta elementos particulares: um cortejo de escravos, a leitura da Lei Áurea, o lamento negro à porta da Igreja Matriz de São Gonçalo e a Missa Conga. Assim, os escravos se fazem livres. E essa liberdade se transforma em som, em festa, em dança.